19/09/2024
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Interpretação Bíblica: A Sombra dos Erros Exegéticos

INTRODUÇÃO
A interpretação bíblica incorreta pode ter sérios perigos e implicações. O renomado teólogo e pastor D. A. Carson, destacou a importância da interpretação precisa da Bíblia em seu livro, Os perigos da interpretação bíblica.
Quando a interpretação está errada, podemos incorrer em equívocos teológicos e morais significativos que afetam nossa fé e prática.

Interpretações erradas podem levar a doutrinas distorcidas e crenças heréticas, prejudicando a verdadeira compreensão das Escrituras. Além disso, podem gerar divisões na igreja e na comunidade religiosa em geral.

Exegese é, portanto, uma investigação das muitas dimensões, ou tramas, de um texto em particular. É o processo de fazer perguntas ao texto, questões que são muitas vezes provocadas pelo próprio texto. Como um dos meus professores no seminário costumava dizer, a pergunta básica que sempre estamos fazendo é: “O que está acontecendo aqui? Em determinados casos, essa pergunta é suficiente, mas será útil “completá-la” para dar a essa questão básica uma forma maior e mais substancial. Os exegetas devem aprender a gostar de fazer perguntas”.
Michael J. Gorman, livro: introdução à Exegese Bíblica.

INTERPRETAÇÃO CRÍTICA
Uma interpretação crítica das Escrituras é aquela que possui justificação adequada, lexical, gramatical, cultural, teológica, histórica, geográfica ou outro tipo.

Acostumados a ouvirmos interpretações de determinadas passagens bíblicas, acabamos aplicando ao texto bíblico significados tradicionais que recebemos de terceiros.
Por isso, devemos ter entendimento dos princípios de interpretação e assim fazermos perguntas ao texto.
Para quem foi digerida aquela fala, para que contexto social, econômico, cultural, o tipo de literatura, buscar a harmonia desse texto com a doutrina bíblica e com os demais livros.

Não estamos falando aqui de algo que seja simples, muito pelo contrário, fazer uma exegese responsável do texto leva tempo, pesquisa e muitas vezes bastante dinheiro, porque você precisa ter um Léxico gramatical, dicionários, bíblias no idioma original e comentários de grandes eruditos para expandir sua compreensão.

Mas acima de tudo, um bom exegeta precisa compreender que Deus está falando através da Bíblia, e por isso, é necessário interpretar com respeito e temor.

FALÁCIAS EXEGÉTICAS
As Escrituras nunca foram tão atacadas. E não falo de um embate por incrédulos, mas pelos crentes do século XXI.

Isso porque existe um distanciamento da hermenêutica bíblica. Os oradores, abrem suas bíblias, e após lerem o verso, fecham a Bíblia e passam a desenvolver sua fala em cima de acontecimentos atuais. Esse é o primeiro erro porque eles quebram a primeira regra de hermenêutica, que é respeitar o público ao qual a carta foi escrita e o contexto da época.
Já vi pessoas fazendo interpretações lineares de cartas poéticas e simbólicas.

RESPEITAR O GÊNERO LITERÁRIO
Se não respeitar o gênero literário da carta, você cria uma nova doutrina. Se eu disser que Jesus, quando voltar, estará montado em um cavalo branco, e que seus olhos estarão em chamas de fogo, tirando uma espada da boca, posso gerar um Jesus escatológico que mais parece um monstro (cf. Ap. 19.11-16).

Nessa passagem, João descreve realidades através do uso de símbolos. O cavalo é símbolo de força de guerra, branco é a santidade de Cristo, olhos como chamas de fogo mostra sua onisciência, Ele tudo sabe e tudo vê, por isso nossas obras irão queimar na presença Dele, a espada que sai da Sua boca, é sua Palavra que não passará jamais, mesmo que céus e terras passem as Palavras de Deus nunca passarão. Assim como Deus fez tudo pela Palavra, no dia do Juízo, a Palavra de Deus será usada para julgar m, justos e injustos e também destruir a iniquidade.

O LEITOR ISOLADO NÃO É UM EXEGETA
A exegese, como um diálogo intelectual, exige que estejamos dispostos a ouvir e compreender perspectivas divergentes, mesmo daqueles com os quais discordamos. É um processo que floresce quando compartilhado com outras pessoas, permitindo a leitura e discussão atenciosa e criativa dos textos em questão. Um exegeta bíblico ideal não é alguém isolado, mas alguém que colabora e enriquece suas interpretações por meio do intercâmbio de ideias.
Efésios 3:10 para que, pela igreja, a multiforme sabedoria de Deus se torne conhecida, agora, dos principados e potestades nos lugares celestiais.
Portanto, é pela igreja, por todos os santos que a multiforme sabedoria de Deus é manifesta. Não é pela vida de João ou Maria, do Teólogo A ou B, mas pela união de todos no corpo de Cristo.
Por favor, não despreze aqueles que pensam diferente de você.

ALGUMAS REGRAS BÁSICAS DE INTERPRETAÇÃO BÍBLICA

  1. Contexto histórico e cultural: Este tópico envolve a análise do contexto no qual um texto bíblico foi escrito, incluindo o período histórico, cultura, sociedade e eventos relevantes. Compreender esse contexto ajuda a interpretar as palavras e conceitos conforme o significado que tinham na época.
  2. História: Conheça o contexto histórico e os eventos que cercam o texto.
  3. Coerência: Certifique-se de que sua interpretação seja coerente com o restante das Escrituras.
  4. Intenção do autor: Tente discernir a intenção do autor original ao escrever o texto.
  5. Gênero literário: Reconheça o gênero literário do texto para interpretá-lo apropriadamente (narrativo, poesia, profecia, entre outros)
  6. Uso de figuras de linguagem: Esteja ciente das figuras de linguagem e metáforas que podem ser usadas no texto.
  7. Teologia bíblica: Interprete o texto à luz da mensagem central da Bíblia e da teologia bíblica. Este tópico envolve a consideração de como uma interpretação se encaixa no quadro teológico geral da Bíblia. Isso incentiva a consistência e evita interpretações que contradigam princípios teológicos mais amplos.
  8. O Espírito Santo: Ore e busque a orientação do Espírito Santo ao estudar as Escrituras.
  9. Hermenêutica: A hermenêutica é a teoria da interpretação, e nesse contexto, refere-se a diferentes abordagens ou métodos usados para entender a Bíblia. Isso pode incluir hermenêutica literal, alegórica, tipológica e outras, cada uma com suas próprias regras e princípios.
  10. Crítica textual: A crítica textual é a análise dos manuscritos bíblicos para determinar a autenticidade e integridade dos textos. Isso ajuda a identificar erros de transcrição e variações textuais que podem afetar a interpretação.
  11. Intertextualidade: Isso se concentra na conexão entre diferentes passagens bíblicas e como uma passagem pode fazer referência a outra. Isso pode lançar luz sobre a interpretação de textos individuais.
  12. Técnicas de estudo bíblico: Este tópico oferece orientações práticas para estudar a Bíblia, incluindo o uso de ferramentas de estudo, como concordâncias, dicionários bíblicos e comentários.
  13. Questões éticas na interpretação: Aqui, abordam-se as implicações éticas de diferentes interpretações. Isso envolve considerar como as interpretações podem afetar a ética pessoal e coletiva.
  14. Casos de estudo: Apresentam-se exemplos reais de interpretações errôneas da Bíblia e demonstra-se como uma abordagem mais cuidadosa teria levado a conclusões diferentes.
  15. Diversidade de interpretações: Este tópico reconhece a diversidade de interpretações dentro da comunidade cristã e destaca como essa diversidade pode enriquecer o entendimento da Bíblia, bem como os desafios que ela pode representar.

A exegese bíblica é uma disciplina complexa, e muitos estudiosos têm abordagens ligeiramente diferentes. As regras gerais que apresentamos podem ajudar a estabelecer uma base sólida para a interpretação das Escrituras.

HUMILDADE
Como falar para uma criança que ela é uma criança? Esse é um bom exemplo para explicar porque muitos intérpretes das Escrituras tem causado dissensões no meio do corpo de Cristo.
Eles acreditam que somente eles possuem a revelação correta das Escrituras. Sejam calvinistas, arminianos, sinergistas ou monergistas, muitos causam divisões na igreja. O corpo de Cristo é uno, e, portanto, dirigido pelo Espírito de Deus. Somos apenas os mensageiros dessa tão grande mensagem.
Devemos respeitar nossos irmãos, principalmente aqueles que tem uma exegese diferente da nossa.

ETIMOLOGIA E O USO DO STRONG
Aprendi a estudar a etimologia da palavra no original, mas isso é um perigo se interpretarmos a palavra em sua origem isolada e principalmente se usarmos o strong de referências.
Isso porque ao longo dos anos o estudo da origem de uma palavra entendeu necessário respeitar o movimento dessa palavra conforme o contexto em que ela foi usada.

Normalmente, observamos que cada palavra isolada tem um determinado campo semântico restrito e, portanto, o contexto pode modificar ou adaptar o significado de um termo somente dentro de certos limites. Carson.

A busca de significados ocultos associada à etimologia torna-se ainda mais ridícula quando duas palavras com significados totalmente diferentes compartilham da mesma etimologia. James Barr chama atenção para os termos (lehem) e (milhamah), que significam respectivamente “pão” e “guerra”:

Deve-se considerar duvidosa a afirmação de que a influência da raiz comum aos dois tem qualquer importância semântica no hebraico clássico no emprego normal das palavras. E seria por demais fantasioso ligar essas duas palavras como mutuamente sugestivas ou evocativas, como se as batalhas em geral fossem devido a pão ou como se o pão fosse uma provisão necessária para as batalhas. Com certeza, palavras com sequências sonoras semelhantes podem ser deliberadamente justapostas por assonância, mas este é um caso especial reconhecível em separado.

AMBIGUIDADE SEMÂNTICA
Uma ambiguidade semântica ocorre quando uma palavra, frase, sentença ou expressão tem mais de um significado possível, tornando a interpretação incerta. Essa ambiguidade surge devido à polissemia, sendo a propriedade de algumas palavras de ter múltiplos significados. Quando uma palavra com vários significados é usada em um contexto que não fornece pistas suficientes para determinar o significado desejado, ocorre a ambiguidade semântica.

Por exemplo, a palavra “banco” pode ser ambígua. Em um contexto financeiro, “banco” se refere a uma instituição financeira. No entanto, em um contexto de parque, “banco” pode ser um assento ao ar livre. A ambiguidade semântica pode levar a mal-entendidos, e a interpretação correta muitas vezes depende do contexto ou de pistas adicionais fornecidas na comunicação.

PREGAÇÕES AMBÍGUAS
O problema fica ainda maior, quando vermos sermões inteiros ambíguos.
Já ouvi ministros dizendo que somos filhos de Deus e não mais escravos, porque Cristo nos libertou. Mesmo que essa frase esteja correta, ela não possui uma exegese honesta, ela caminha ao lado da verdade, mas não é a verdade completa, ou seja, se desviarmos poucos centímetros da verdade estaremos a uma distância enorme no final de mossa viajem exegética, veja o porquê: fomos libertos da escravidão do pecado para vivermos livres em Deus. Livres de quê? Ora, do pecado. Rm. 6.20-21, fala que éramos escravos do pecado e só colhemos frutos de vergonha. Mas em 1 Coríntios no capítulo 7 verso 22 a 24, Paulo faz uma alegoria sobre o escravo e o livre, onde ele afirma que aquele que foi comprado por Cristo sendo livre agora é escravo do Senhor.
O que ele tenta mostrar é a alegoria de sermos libertos do julgo do pecado para vivermos escravos do evangelho de Deus.
Porque se faço aquilo que quero, logo me torno escravo dos meus próprios desejos, que são maus e influenciados pelo pecado da queda de Adão, mas se sou escravo das vontades de Deus, sendo Ele santo, com sua vontade boa, perfeita e agradável, logo tenho uma vida plena porque não faço aquilo que quero, mas o que meu Senhor deseja.
Se Cristo é nosso Senhor, logo somos seus escravos. Os discípulos se colocavam como servos, os pais da igreja também, na reforma também, mas no século XXI tudo mudou, porque alguém descobriu a mensagem secreta, somos filhos e não viveremos mais como escravos.

Esse é o problema de uma exegese isolada do contexto histórico, e bíblico teológico, a mensagem não tem harmonia com as Escrituras em sua totalidade.
Cristo não usurpou a autoridade de ser Deus ou filho de Deus, antes se esvaziou, se humilhou, se fez servo e cumpriu toda a vontade de Deus, tornando-se escravo das vontades do Pai, e por isso Deus mesmo o exaltou acima de todo nome (cf. Fp. 2.5-10).
Por isso, Deus só é Pai daquele ao qual Cristo é o Senhor. Não tem jeito, se você não for servo de Cristo, escravos dos seus mandamentos e suas vontades, você não é filho de Deus.

ADVERTÊNCIA
À medida que estamos concluindo esse estudo de exploração dos perigos de uma exegese bíblica errada, é crucial reconhecer que interpretar a Palavra de Deus de maneira incorreta não é apenas um erro acadêmico, mas pode ter implicações profundas em nossas vidas espirituais e na comunidade de fé. A interpretação errônea pode resultar em divisões, concepções distorcidas de Deus e uma fé frágil.
Por favor, peço com muito zelo no Senhor, não atribua ao caráter de Deus aquilo que Ele não é, tenha muito temor de falar em nome do Senhor e de sua Palavra.

Essa é uma responsabilidade que não deve ser subestimada. Portanto, insisto a todos os leitores a buscar constantemente um entendimento mais profundo e preciso das Escrituras, evitando os perigos que exploramos.

A BUSCA CONTÍNUA DO CONHECIMENTO
No entanto, mesmo diante dos desafios e armadilhas das interpretações dos nosso dias, há motivo para otimismo e esperança. Existe uma riqueza de recursos e ferramentas disponíveis para o estudo das Escrituras, que nos permite buscar um entendimento mais profundo. Lembremo-nos de que, independentemente de nossa formação ou nível de conhecimento, a busca contínua pelo conhecimento e sabedoria bíblica é um chamado que todos podem e devem atender. Que esta exortação sirva como um lembrete de que a jornada da interpretação bíblica é um caminho de aprendizado e crescimento espiritual.

CONSOLAÇÃO
À medida que encerramos este estudo, quero lembrá-los da promessa de que, à medida que buscamos um entendimento mais profundo das Escrituras, não estamos sozinhos. A Bíblia é uma fonte inesgotável de sabedoria e revelação, e Deus está disposto a nos guiar em nosso esforço. O estudo diligente e a interpretação cuidadosa nos aproximam de um conhecimento mais claro da verdade divina. Não importa o quão complexo o texto possa parecer, ou quantas interpretações erradas possam surgir, nossa jornada de exegese é um lembrete de que somos chamados a crescer em nossa compreensão e fé. Assim, abracemos a busca contínua e permaneçamos cheios de esperança na promessa de um conhecimento mais profundo, pois é na busca da verdade que encontramos a verdade que nos liberta. Deus te guarde e te capacite em sua jornada do conhecimento bíblico teológico.
Veja as vídeo aulas abaixo desse estudo.

Pr. Max Mendes – Fundador do Papo com Deus

Vídeo Aula 1

Vídeo Aula 2
Vídeo Aula 3
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