A verdadeira Páscoa
Introdução
Muitos perguntam: “Se Jesus celebrou a Páscoa judaica, por que nós, cristãos, não fazemos o mesmo?” Essa é uma dúvida legítima. Afinal, a última ceia de Jesus foi justamente uma celebração pascal. Mas algo poderoso aconteceu naquela noite: Ele ressignificou a Páscoa e instituiu a Ceia da Nova Aliança.
Vamos entender juntos por que o cristão não precisa voltar às práticas da antiga aliança, e sim viver plenamente o significado da nova.
A Páscoa Judaica: Uma Sombra Profética
A Páscoa (Pesach) foi instituída por Deus em Êxodo 12, quando os israelitas foram libertos da escravidão no Egito. Cada família sacrificava um cordeiro, passava o sangue nos umbrais da porta, e o anjo da morte “passava por cima”. Esse evento marcou a saída do povo de Deus do cativeiro.
A cada ano, os judeus relembravam esse livramento com um jantar cerimonial, com ervas amargas, pães sem fermento e o cordeiro.
Mas o que muitos não percebem é que essa festa era uma sombra daquilo que haveria de vir (Colossenses 2:17) — ela apontava para um livramento maior, eterno, e definitivo.
A Última Ceia: A Nova Aliança em Jesus
Durante a celebração da Páscoa, Jesus fez algo inédito:
“E, tomando o cálice, deu graças e disse: Tomai-o, e reparti-o entre vós; porque vos digo que já não beberei do fruto da videira até que venha o reino de Deus. E, tomando o pão, e havendo dado graças, partiu-o, e deu-lho, dizendo: Isto é o meu corpo, que por vós é dado; fazei isto em memória de mim. Semelhantemente, tomou o cálice, dizendo: Este cálice é o novo testamento no meu sangue, que é derramado por vós.”
(Lucas 22:17–20)
Jesus não apenas celebrou a antiga Páscoa — Ele a completou. Ele revelou que o cordeiro verdadeiro era Ele mesmo. O pão agora representava Seu corpo. O vinho, Seu sangue.
A Igreja Primitiva e a Ceia do Senhor
Após a ressurreição, a igreja não continuou a celebrar a Páscoa como antes. A prática mudou. Veja o que o livro de Atos revela:
Atos 2:42 – “E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações.”
O partir do pão aqui se refere à Ceia do Senhor, que se tornou uma prática constante dos discípulos.
Atos 20:7 – “No primeiro dia da semana, estando nós reunidos com o fim de partir o pão, Paulo, que devia seguir viagem no dia seguinte, exortava-os e prolongou o discurso até a meia-noite.”
Aqui vemos que a celebração da Ceia se tornou um marco do domingo cristão — o dia da ressurreição.
Ou seja, o que era uma celebração anual, virou um memorial constante. O foco deixou de ser o Egito e passou a ser o Calvário.
Deixou de ser uma sombra para vivermos agora a realidade.
Paulo e a Ressignificação da Páscoa
O apóstolo Paulo entendeu essa realidade:
1 Coríntios 5:7 –
“Alimpai-vos, pois, do fermento velho, para que sejais uma nova massa, assim como estais sem fermento. Porque Cristo, nossa páscoa, foi sacrificado por nós.”
Cristo é a nossa Páscoa. Ele é o cordeiro puro, sem defeito, que foi sacrificado por nossos pecados. Por isso, não precisamos de cordeiro no prato — o Cordeiro já foi morto uma vez por todas.
Paulo continua no capítulo 11:
1 Coríntios 11:26 –
“Porque todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este cálice, anunciais a morte do Senhor, até que venha.”
A Ceia é o novo memorial. O novo símbolo. A nova aliança.
Conclusão: A Ceia é Nossa Páscoa Ressignificada
A Páscoa judaica apontava para o futuro. A Ceia aponta para o passado — para o que já foi feito — e também para o futuro, quando Jesus voltará.
Hoje, celebramos a Ceia não como rito religioso, mas como memória viva. Ela é nossa “Páscoa cristã”, com significado eterno.
Aplicação prática para a Igreja:
Nesta Páscoa, não se perca nos símbolos vazios. Celebre aquele que deu sentido a tudo.
O pão e o cálice nos lembram que o Cordeiro foi morto, ressuscitou, e voltará.
A Páscoa é o reconhecimento de que o anjo da morte passou por cima de nós mas não nos afligiu, porque hoje habitamos no esconderijo do Altíssimo e descansamos Nele, pela graça que nos foi dada por seu filho Jesus, o Cristo.
Doxologia
Desejo realmente que esse estudo edifique e fortifique ainda mais sua fé em Jesus. Mantenha-se firme até o fim, e viva uma vida que glorifique a Deus todos os dias.
Nos vemos no próximo Papo com Deus. Pr. Max Mendes – Fundador do Papo com Deus e do Instituto Bíblico Discipular