Análise da Epístola de Policarpo
São muitas as controvérsias que envolvem as confissões doutrinárias do cristianismo. Apesar de termos a bíblia como referência fiel do passado cristão, muitas pessoas acabam duvidando e apresentando diversas deturpações nos escritos bíblicos, como por exemplo a divindade de cristo, a trindade, o batismo, o verdadeiro nome de Deus, entre outras.
Sabemos que A bíblia que conhecemos hoje, não é a única fonte de informação do mundo cristão primitivo, pois diversos bispos da igreja deixaram-nos registros de como era a realidade cristã de sua época, em que apoiavam suas doutrinas e como a executavam.
Por exemplo, entre esses pais se encontram Clemente de Roma, que escreveu uma carta aos Coríntios, Inácio de Antioquia.
Um mártir que antes de morrer escreveu sete cartas às igrejas da Ásia e outra ao Bispo de Esmirna, Policarpo e muitos outros, entretanto, vamos focar nos registros que nos deixou Policarpo e num outro artigo, exporemos cada um dos pais com base em suas cartas.
Registros relacionados a Policarpo
Atualmente, existem dois principais registros diretamente relacionados a Policarpo que sobreviveu ao nosso tempo, isso é claro sem contar com as várias citações sobre ele que outros Pais fizeram.
Não queremos aqui fazer uma exposição exaustiva da vida e obra de Policarpo, o intuito é interpretar a carta aos Filipenses. Assim, Policarpo foi um Bispo de Esmirna, doutrinado pelo apóstolo João e morreu por volta do ano 155 de nossa hera.
Analisemos a carta de Policarpo aos Filipenses. De acordo com a primeira parte desta carta, Policarpo demonstra conhecer a carta de Paulo aos Efésios, e cita diversos textos contidos nas cartas paulinas da forma que se segue: “pela graça vocês serão salvos, não pelas obras”, mas pela vontade de Deus através de Jesus Cristo.” (Carta de Policarpo aos Filipenses).
Ao citar essas palavras, Policarpo se reportava ao texto de Efésios 2:8:“Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus.”
Outra passagem de sua carta que nos remete a bíblia, se encontra no evangelho de João 1:1, como segue o texto bíblico:“No principio era o verbo, e o verbo estava com Deus, e o verbo era Deus”Na carta, ele se aproxima muito da ideia deste texto acima, quando em suas palavras profere aos Filipenses:
“Por Ele todas as coisas no Céu e na Terra estão subordinadas. A Ele todo espírito serve. Ele vem como o Juiz dos viventes e dos mortos. Deus pedirá conta do sangue dEle por aqueles que não acreditam nEle”
Exortação
É notável o conhecimento de Policarpo às escrituras dos evangelistas, pois a todo momento ele resgata as ideias passadas por essas escrituras. Outro fator que nos chama a atenção é que, ao contrário do que alguns teólogos expõem. Paulo era admirado e digno de toda credibilidade em suas recomendações às igrejas.
Na seção três de sua carta, Policarpo confere de forma explícita a admiração que tinha por Paulo.
Ratificando a credibilidade devida aos escritos que esse apóstolo nos deixou, como segue: “Não é por mim mesmo, irmãos, que lhes escrevo sobre a justiça, e sim porque vocês me pediram primeiro.
Pois nem eu, nem ninguém como eu, pode chegar a sabedoria do abençoado e glorificado Paulo.
Ele, estando entre vocês, comunicou com exatidão e força a palavra da verdade na presença daqueles que estão vivos ainda. E quando vos deixou, escreveu-lhes uma carta, que, se a estudarem com cuidado, encontrarão o sentido de terem sido erguidos na fé que lhes foi dada.
E que, sendo seguida da esperança e precedida pelo amor para com Deus e Cristo, assim como para nosso próximo, “é a mãe de todos nós”.
Seção seis da sua Carta aos Filipenses
Na seção seis de sua carta, Policarpo evidência o conhecimento que tinha nos evangelhos, nestas palavras:
“…da mesma maneira que os apóstolos nos ensinaram no Evangelho…
”Interessante notar qual é o caráter que Policarpo emprega as pessoas que tentarem desviar a profecia vinculada a cristo, tal qual ocorre hoje em nossos dias, há pessoas que acreditam no não cumprimento das profecias em cristo Jesus.
Na Carta de Policarpo aos Filipenses compara tal pessoa ao filho de satanás, como segue:
“ E quem perverter as profecias do Senhor para sua própria satisfação, e diz que não há nem ressurreição nem julgamento. Este é o primeiro nascido de Satanás…“
“Doutra forma, uma passagem nesta carta desmenti as sugestões de pessoas que imputam a Jesus pecados. Tais como assassinato e envolvimento com mulher, se baseando nos escritos apócrifos de Tomé e Felipe, os achados gnósticos de Nag Hammadi.
Policarpo desmonta heresias
Mas esse mal entendido é desfeito se analisarmos a espessa massa de exemplos e argumentos contidos nos escritos dos pais da igreja. E Policarpo confirma a santidade de Jesus nestas palavras: “Que não cometeu pecado, nem foi achada astúcia em Sua boca…
“Uma das seções de sua carta que mais evidencia a legitimidade dos apóstolos, é a que se segue:
“Eu os exorto, portanto, a obedecerem atenciosamente à palavra da justiça, e a exercitarem a paciência. Assim como vocês têm visto diante de seus olhos, não somente no caso dos abençoados Inácio, Zózimo e Rufo, mas também no caso dos outros que estão entre vocês, no próprio Paulo, e no restante dos apóstolos.
Façam isso na certeza de que todos estes não caminharam em vão, mas na fé a na justiça, e na certeza de que eles estão [agora] no lugar que lhes corresponde na presença do Senhor.
Com quem eles também sofreram.
Lês não amaram o século presente, mas Aquele que morreu por nós e que, por nossa causa, foi ressuscitado por Deus da morte”
Controvérsias
Outra controvérsia presente em nossos dias, é a declaração que não só Policarpo, mas também Clemente I.
Faz sobre o que seria blasfemar o nome de Deus, pois hoje, este argumento serve de suporte para àqueles que criaram uma doutrina mística em torno da correta pronúncia de Deus.
Se baseando no texto bíblico de Isaías 52:5 “..o meu nome é blasfemado todos os dias…”. Construindo assim uma exclusividade fonética em torno do verdadeiro nome de Deus.
Contudo esses Pais da Igreja nos explicaram como o nome de Deus era blasfemado. Clemente de Roma, em sua carta aos Coríntios na seção XIII, faz essa declaração:“Meu nome é blasfemado de todas as formas entre os gentios”. E também: “Ai daquele em razão de quem seja blasfemado o meu nome!” No que é blasfemado?
Quando não fazeis as coisas que desejo, pois os gentios, quando ouvem da nossa boca as palavras de Deus. Eles se maravilham de sua formosura e grandeza. Porém, quando descobrem que as nossas obras não são dignas das palavras que pregamos, imediatamente começam a blasfemar. Afirmando que é um conto mentiroso e um engodo.”
Entendimento de Policarpo
Ao mesmo tempo Policarpo também dá sua contribuição sobre esse assunto, desta forma. “Todos vocês estão submetidos uns aos outros. Tendo uma conduta justa entre os gentios.
Para que vocês recebam igualmente em dobro a recompensa de suas boas obras. E para que o Senhor não seja blasfemado por causa de vocês.
Portanto, está muito claro que o sentido de blasfemar, condiz com o comportamento e testemunho do servo de Deus, e não com sua pronúncia.
Outra clara referência de Policarpo as epístolas paulinas, se dá em torno da I Carta aos Coríntios 6:2. Igualmente ele faz referência a esse texto, da seguinte forma:“Mas quem de nós está ignorando o julgamento do Senhor? “Não sabemos nós que os santos devem julgar o mundo?”.
Assim como, Paulo ensina: Mas eu nem vinem ouvi nada semelhante entre vocês, no meio daqueles com quem Paulo trabalhou, e que estão louvados no início de sua epístola.”
Igualmente, um fato muito interessante, é verificar que esse mesmo Pai apostólico, doutrinado aos pés de João, o discípulo amado, ao mesmo tempo se refere às sagradas escrituras, citando um texto escrito por Paulo em sua carta aos Efésio 4:26, como segue na seção XXII da carta de Policarpo:
“Pois está declarado nas Escrituras, “Enfureçam-se, e não pequem mais”, e “Não deixem que o Sol se ponha sobre sua ira”
Conclusão
Por fim, se levarmos em consideração a Carta de Policarpo aos Filipenses, veremos que as práticas que norteavam suas doutrinas e conduta estavam assim, em fiel acordo com a bíblia.
Portanto, sem oferecer nenhum grande perigo a essência do Cristianismo. Que é olhar somente para Jesus, tendo nele toda nossa esperança, confessando-lhe como o cristo e remidor de nossas almas junto ao Pai.
Fonte: Marcos Rodrigues de Oliveira
Carta de Policarpo aos Filipenses
gostei e essa carta deveria ser incorporada nas escristuras, pois ela é bem doutrinaria e fiel aos demais escristos.
Verdade irmão, muito boa